quinta-feira, 18 de maio de 2023

Aparecimento do BUDISMO - Buddha - Siddhartha Gautama - O Príncipe

Há 3 000 anos começaram a se formar as principais filosofias e religiões que organizaram as visões de mundo do homem contemporâneo.

Sócrates e seus discípulos

Do século VIII ao VI a.C. os profetas de Israel reformaram o antigo paganismo hebreu. Na China dos séculos VI e V a.C., Confúcio e Lao-Tsé chacoalhavam as velhas tradições religiosas. Na Pérsia, o monoteísmo desenvolvido por Zoroastro, expandiu-se e influenciou outras religiões. No século V a.C., Sócrates e Platão encorajavam os gregos a questionar até mesmo as verdades que pareciam mais evidentes. Tudo acontecendo mais ou menos junto.

O Hinduísmo, maior religião da Índia,
 é tão antigo quanto a sua civilização.

A Índia também passava por grandes transformações. Sua cultura foi dominada pelos arianos, antigos povos nômades que teriam migrado da Ásia Central 4 000 anos antes. A sociedade ariana dividia-se em castas e em meio ao Bramanismo (Hinduísmo), Jainismo, Taoismo, Confucionismo... E é bem no meio dessa era, no século VI a.C., é nessa Índia em ebulição espiritual que surge Siddhartha Gautama, o Buda, que transmite lições através das quais seria criado o Budismo, uma das mais influentes religiões do mundo, hoje com quase 400 milhões de adeptos.

LUMBINI cidade natal de Sidartha

SIDDHARTHA GAUTAMA

Cujo significado é: "aquele que realiza suas metas"; parece ter nascido em 563 a.C. em Lumbini, (patrimônio mundial da UNESCO) aos pés do Himalaia, em uma região que hoje pertence ao Nepal.

Siddhartha era um aristocrata, da casta ksatrya, a dos guerreiros e governantes. Seu pai, Shudodhana, era o rei do clã dos sakyas. Vem daí o outro nome pelo qual Siddharta se tornaria conhecido: Sakyamuni, ou “o sábio silencioso dos sakyas”.

O "sonho" da 
mãe de Sidartha

O pai de Sidarta demorou muito para ter seu único filho que, ao nascer, temendo que se cumprisse uma profecia segundo a qual “ele se tornaria um grande governante do mundo se ficasse no seu clã, ou um homem santo se saísse das imediações do palácio”; cercou-o de luxos e prazeres, acreditando que se o mantivesse ignorante sobre o sofrimento do mundo, iria afastá-lo do caminho espiritual.

A vida de luxo 
do jovem príncipe

Durante sua infância, Sidarta foi educado pelos melhores professores do seu tempo e atingiu excelência em todos os campos de conhecimento. Ele também desenvolveu grandes habilidades marciais, já que seu pai o preparava para ser seu sucessor. Possuía 3 grandes palácios e, na adolescência, vivia cercado por belas moças, ocupadas em diverti-lo em seus aposentos decorados com sugestiva arte erótica; onde desfrutava das melhores comidas, bebidas, vestimentas e prazeres. Aos 16 anos, escolhe-se uma noiva para ele, a bela Yashodhara, com quem teria um único filho, Rahula.

A saída de Sidartha 
do palácio.

Pouca coisa mudaria na sua vida até os 29 anos. Apesar de todo o luxo, Sidarta sentia-se infeliz e, por diversas vezes se afasta para os bosques do palácio, para “pensar na vida”. Certo dia, contra a vontade do pai, saiu para passear fora do palácio e se surpreendeu com quatro cenas que o tirariam para sempre daquela vida de prazeres: um velho arqueado, de pele enrugada, movendo-se com dificuldade. Depois, um doente leproso que sofria dores terríveis. Mais tarde, um cortejo fúnebre, um morto era carregado por amigos e parentes que choravam sua perda. Foi um choque e tanto, para alguém que sempre vivera protegido, sem se dar conta de que tudo que nasce também se degenera, envelhece e morre. E ainda, um asceta que embora magro e esmolando apresentava em seu olhar uma profunda paz. Tudo isso o levou a pensar ainda mais nas condições do homem no mundo e o levou a uma decisão: sairia em busca da Verdade.

Siddhartha em autoflagelação
 que quase o levou à morte.

Numa noite, (parece ter sido uma noite após ter nascido seu filho) Sidarta abandona o palácio enquanto todos dormiam. O príncipe logo aprendeu a dormir no chão e a esmolar por comida. Além da mendicância, a vida de filósofo-andarilho (ou sramana) incluía práticas de meditação. Na sua busca, ele se aproximou de dois famosos mestres e rapidamente chegou aos últimos estágios de absorção contemplativa propostos por eles. Mas ainda não atingira a suprema realização que buscava. Dedicou-se então à automortificação.

Mudou radicalmente a alimentação, ampliando o período entre as refeições, até alimentar-se somente a cada 15 dias. Depois, diminuiu a quantidade até chegar à ração diária de um único grão de arroz.

Sidhartha em profunda 
observação de si mesmo

Simultaneamente, fazia experiências psicológicas, analisando em si mesmo certas emoções que, acreditava, só poderia eliminar completamente se as observasse em profundidade. Para analisar o medo e meditar sobre a impermanência, passava noites deitado entre cadáveres e esqueletos num cemitério. Ainda assim, não alcançara sua realização final. Abandonou essas práticas pois sua experiência provou que a autoflagelação embota a mente em vez de favorecê-la.

Sidartha intuiu, então, que o caminho para a libertação não estava nos excessos de ascetismo que estava vivendo, nem nos da sensualidade (que havia deixado para trás nos seus palácios), mas em Um Ponto de Equilíbrio entre eles. Vem daí a expressão “Caminho do Meio” ou Dharma (a lei), um dos pilares do Budismo.

Buddha e "as tentações" de "Mara"

Sidarta voltou a comer. Segundo conta-se, uma porção de arroz e leite, oferecida por uma jovem que o encontrou quase morto, à beira de um rio. Dias depois, recuperado, preparou um assento de capim sob uma figueira - que ficaria conhecida como a árvore bodhi, ou árvore da iluminação -na região de Bodhgaya, no norte da Índia. Decidiu então que: ou atingiria a iluminação ali ou morreria. Mesmo para um alto praticante como ele, surgiram obstáculos. Alguns relatos os descrevem na forma de tentações e demônios, como Mara, deus indiano da morte. Sidarta transpôs esses obstáculos e, serenamente, dominou todos os estágios de meditação.

A Iluminação de Sidartha 
sob a figueira

Assim, depois de 49 dias meditando, Sidarta atingiu a Iluminação, um estado chamado "nirvana"; tornou-se um Buddha, numa noite de lua cheia, no mês de maio, quando tinha 35 anos. Fato comemorado anualmente em diversas partes do mundo, como o mais importante do budismo, o Festival Wesak, que, normalmente, ocorre próximo a Páscoa cristã.
Para ler mais sobre WESAK, aqui no blog:
https://magiadailha.blogspot.com/2018/04/wesak-festa-do-nascimento-e-iluminacao.html

Sidhartha  atinge o "nirvana",
torna-se um Buddha!

Buda não é um nome próprio, mas uma palavra em sânscrito que significa “o Desperto” ou “o Iluminado”. Esse título passou a definir a condição de Sidarta Gautama e ficou ligado ao seu nome, da mesma maneira como o título de Cristo (“Salvador”) associou-se ao nome de Jesus.

Ser Buddha é estar em estado
 "Desperto ou Iluminado"

O detalhamento dessa experiência sob a figueira tornou-se o corpo dos seus ensinamentos, cuja essência é:
- não fazer o mal,
- praticar o bem e
- purificar a mente.

Buda ampliou o conhecimento sobre a mente humana, e acreditava ter descoberto uma verdade profunda, que lhe permitiu viver grande transformação interior, e conquistar a imunidade ao sofrimento. Depois da sua iluminação, passou 45 anos viajando e ensinando outras pessoas a fazer o mesmo.

Buddha ensinando

A grande novidade trazida por Buda, em sua época, foi a ideia de que a vida espiritual, como capacidade de conhecer a si mesmo, não tem nada a ver com as restrições de casta impostas pelos brâmanes. Foi um salto e tanto para a estrutura social da Índia, que aceitou prontamente essa religião tolerante.

A essência dos ensinamentos budistas está nas Práticas Meditativas, que se fundam em tradições anteriores ao próprio Buda.

MEDITAÇÃO - um dos grandes
pilares do Budismo.

“Não deveis aceitar nada por ouvir falar, tampouco porque está nas escrituras”, disse Buda em um discurso. Como sua ênfase é a compaixão, o Budismo não define a si mesmo como solução melhor que qualquer outra. 
O Budismo primitivo, a rigor, nem era uma religião, mas um conjunto de práticas morais e mentais. No que diz respeito à meditação, essas práticas podem ser vistas como simples técnicas, que não implicam em compromisso com nenhum tipo de religiosidade.

Buddha "o Iluminado"

Sidarta, ou Buda Sakiyamuni, jamais se apresentou como um enviado, salvador ou reencarnação de quem quer que fosse. Nos seus discursos não há referência sequer ao fato de que existe reencarnação. Ele não disse palavra a favor ou contra a ideia de Deus.

Buddha deita para 
seu "último discurso"

Buda morreu por volta de 483 a.C., aos 80 anos, serenamente, depois de reunir seus seguidores e fazer um último discurso.

Como resultado da sua expansão, cerca de 300 anos depois da morte de Buda, o Budismo já se dividia em 18 escolas (sangas). Seus ensinamentos, mantidos por transmissão oral, agora estavam escritos.

Sidarta, ou Buda Sakiyamuni

BUDISMO no OCIDENTE

O Budismo só penetraria no Ocidente a partir do século XIX, com o estudo das culturas da Índia e a publicação de O Mundo como Vontade e Ideia”. Nesse livro, o alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860), que influenciaria muitos outros filósofos, como Friedrich Nietzsche, mergulha nos ensinamentos budistas.

O Budismo também chegou à Europa e à América junto com os imigrantes chineses e, depois, japoneses. Mas foi somente com a chegada de mestres Zen, nos anos 30 do século XX, que algumas das principais idéias budistas começariam a ter maior difusão ocidental.

"O mundo é uma 
projeção da mente" - Buddha

Para a mentalidade judaico-cristã, que tem sua solução religiosa na pessoa externa de um pai divino, um grande motivo de estranhamento - e de fascínio - causado pelo Budismo, talvez seja a ideia de um caminho espiritual que depende, em última instância, apenas do esforço de cada pessoa. 
O Budismo sustenta que "o mundo é uma projeção da mente" e que, portanto, "o homem não poderá encontrar no exterior aquilo que não possua dentro de si mesmo."

Nos anos 40 e 50, os livros sobre Zen escritos pelo inglês Alan W. Watts (1915-1973) influenciaram muitos escritores. Com a invasão do Tibete pela China, em 1959, e a Guerra do Vietnã, nos anos 60, mestres budistas desses países migraram para o Ocidente, onde abriram vários centros de meditação.

Nas últimas décadas o ramo que mais se difundiu foi o Budismo tântrico do Tibete. Algo que ajudou muito nessa divulgação foi a figura sorridente do Dalai Lama, líder do Tibete no exílio, que já era famoso bem antes de ganhar o Prêmio Nobel da Paz em 1989.

Budismo é a Primeira Religião Universal 

da História. 

Ainda que sua doutrina não pretenda ter uma validade absoluta, é, contudo, notável seu ardor missionário.

O budismo pôde afirmar-se como religião universal, porque não estava ligado a nenhum povo, ou grupo social, em particular. Outro motivo que explica a sua universalidade vem do fato de o budismo não possuir uma organização rígida e centralizada, encabeçada por uma autoridade incontestável e com uma doutrina ortodoxa claramente fixa.


Templo Budista de Foz do Iguaçu,
um dos maiores da América Latina.

Hoje, o Brasil tem algo entre 300.000 a 500.000 budistas, reunidos em 160 diferentes grupos. 
*E parece que, a maioria dos brasileiros que segue, vê o budismos como uma "filosofia" ou "estilo de vida", não como uma religião.*(http://www.nossacasa.net/shunya/default.asp?menu=885)

O que fez o Budismo ser tão bem-aceito no Ocidente, poder-se-ia dizer que é seu caráter de auto-ajuda, conceito que, nesse caso, nada tem a ver com manuais de comportamento, mas sim com a certeza de que todas as respostas para os problemas do homem estão dentro dele mesmo.
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Na Livraria:
-Buda, Karen Armstrong, Objetiva, Rio de Janeiro, 2001
-Buda, Jorge Luiz Borges e Alicia Jurado, Difel, Rio de Janeiro, 1977
-O Pequeno Buda: Entrando na Correnteza, Samuel Bercholz e Sherab Chodzin Kohn, Siciliano,
   São Paulo, 1994
-Introducing Buddha, Jane Hope e Borin Van Loon, Icon Books, Cambridge, 1999
-A Essência dos Ensinamentos de Buda, Trich Nhat Hanh, Rocco, Rio de Janeiro, 1998
-O Espírito do Zen, Alan W. Watts, Cultrix, São Paulo, 1995
-O Livro Tibetano do Viver e do Morrer, Sogyal Rinpoche, Talento/Palas Athena, São Paulo, 1999
-The Story of Buddhism: A Concise Guide to Its History and Teachings, Donald S. Lopez Jr., Harper San Francisco, 2001
-Dhammapada, a Senda da Virtude, Palas Athena, 2000.

Compilado por geni mafra souza

Baseado principalmente no artigo de Caco de Paula, do site:
super.abril.com.br/.../principe-hindu-sidarta-gautama-iluminado-442777. shtml

Outros sites importantes na net
http://www.buddhanet.net/
http://www.dharmanet.com.br/
pt.wikipedia.org/wiki/Siddhartha_Gautama
www.brazilsite.com.br/religiao/.../bud02.htm
www.saindodamatrix.com.br/.../siddhartha.htm
www.nautilus.com.br/clientes/pontes/.../buda.htm
www.cfh.ufsc.br/~simpozio/novo/2216y485.htm
www.pime.org.br/mundoemissao/relbbudismo.htm
www.acbj.com.br/japao-a-z-interna.aspx?japao=205

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